No último post falei um pouco a respeito do Vento Solar, que trata-se de partículas energéticas emitidas constantemente pelo Sol. À primeira vista essas partículas poderiam causar sérios problemas aqui na superfície da Terra, mas felizmente existe o Campo Geomagnético que nos protege dessas partículas, e até mesmo de outras partículas com energia ainda maior que as do Sol, e que são originadas de outras fontes.
Todos sabemos que a Terra comporta-se como se fosse um grande ímã, possuindo um campo magnético intrínseco que é originado em seu centro. Para ser mais preciso, a principal teoria da formação do campo magnético terrestre diz que o núcleo externo da Terra é composto de metal fluido, e o seu movimento faz com que ele se comporte como um dínamo, gerando o campo magnético.
Esse campo magnético nos protege das partículas do vento solar, mas ao mesmo tempo sofre a ação dessas partículas, tendo seu formato definido por essa ação externa do vento solar, como pode ser visto na Figura 1.
Figura 1: Formato do Campo Geomagnético devido ã interação do vento solar com o mesmo.
Fonte:http://thewatchers.adorraeli.com/wp-content/uploads/2011/11/2012_Magnetic_field__Solar_Cycle.jpg
O vento solar "empurra"o campo magnético terrestre no lado diurno e o estende no lado noturno, formando a cauda magnética. Outra estrutura que forma-se na frente da magnetosfera é uma onda de choque, chamada, em inglês, de "Bow Shock", pois o vento solar é emitido pelo Sol com velocidade maior que as velocidades características do meio interplanetário, que por se tratar de um plasma, existem três velocidades características: a velocidade de Alfven, a velocidade magnetosônica e a velocidade do som.
Outras estruturas se formam no interior da magnetosfera, como os cinturões de radiação. Esses cinturões são formados por partículas energéticas que ficam aprisionadas no campo magnético devido ao seu formato. Esses cinturões merecem um post dedicado para uma descrição mais detalhada, que virá em breve.
As partículas do vento solar, por possuírem baixa energia, não conseguem entrar no campo geomagnético, a menos que um fenômeno que ocorre em condições especiais do meio interplanetário ocorra. Esse fenômeno é chamado de reconexão magnética, que causa as tempestades geomagnéticas, que também será protagonista de outro post.
O campo magnético terrestre não é estático. A Figura 2 apresenta uma animação mostrando a evolução do campo geomagnético ao longo do tempo. Nessa animação quatro áreas se destacam, sendo duas delas os pólos magnéticos (Norte do Canadá e região Antártica) e as outras duas ficam na Rússia, região de grande intensidade do campo e na América do Sul, região de menor intensidade do campo geomagnético. Essa última região é conhecida como Anomalia Magnética da América do Sul (AMAS), que será assunto de um post exclusivo.
Figura 2: Animação da evolução do campo total estimado pelo modelo de campo geomagnético IGRF. Fonte: http://wdc.kugi.kyoto-u.ac.jp/igrf/anime/
Podemos todos ficar tranquilos, pois estamos protegidos das partículas do vento solar, das partículas mais energéticas emitidas pelo sol - SEPs - e até mesmo das partículas dos raios cósmicos que possuem energias bastante altas. E, além de tudo, esse campo magnético nos auxilia desde as grandes navegações orientando as bússolas e guiando nossos navegadores.
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