quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Explosões Solares

As explosões solares são os fenômenos que mais assustam as pessoas. Muitas reportagens e documentários dizem que "a vida na Terra pode ser banida por causa de explosões solares". Antes de tirar conclusões baseadas nessas reportagens e documentários, devemos conhecer os fenômenos envolvidos para sabermos se é realmente possível que aconteça ou é apenas uma probabilidade estatística.

Uma explosão solar pode ser observada de diversas formas. Na superfície terrestre, as explosões solares podem ser observadas a partir das ondas eletromagnéticas geradas na explosão, chamadas de "solar burts", detectadas por radio-espectrógrafos e rádio-interferômetros. Esses instrumentos medem ondas métricas e decimétricas de rádio, emitidas durante uma explosão solar.  No Brasil existem o BSS (“Brazilian Solar Spectroscope”) (Fernandes, 1992; 1997; Sawant et al., 2001), o BDA (“Brazilian Decimetric Array”) (Sawant et al., 2003) e o CALLISTO (“Compound Astronomical Low frequency Low cost Instrument for Spectroscopy and Transportable Observatory”) (Benz et al., 2005). A figura abaixo apresenta um exemplo do espectro dinâmico gerado pelo CALLISTO-BR, mostrando um evento de explosão solar, que pode ser observada através da emissão Tipo III (Rafael D. C Silva, 2012).



As outras formas de observar explosões solares é através de dados de satélite. Além das ondas de rádio emitidas durante uma explosão solar, também são emitidos raios-x, que são detectados pelo satélite GOES 8. Com isso podemos fazer um gráfico de raios-x e identificar o momento em que essa radiação foi emitida pelo Sol. A Figura 3 mostra um gráfico de raios-x do satélite GOES 18, de 31 de dezembro de 2023 até 07 de janeiro de 2024. Podemos observar que, no dia 31 de dezembro de 2013 houve uma explosão solar classificada como sendo da classe X, que é a classe mais intensa das explosões, no dia 01 de janeiro houve 2 explosões classe M, e mais duas explosões da classe M, uma no dia 02 de janeiro e a outra no início do dia 04 de janeiro de 2024.


Figura 3: Dados do satélite GOES 18 mostrando uma série de 
explosões solares ocorridas em janeiro de 2024.
FONTE: https://www.swpc.noaa.gov/products/goes-x-ray-flux

Satélites modernos como "SOlar and Heliospheric Observatory" (SOHO - http://soho.nascom.nasa.gov/data/realtime-images.html) e "Solar Dynamic Observatory" (SDO - http://sdo.gsfc.nasa.gov/data/) fazem imagens do Sol, nas quais podemos eventualmente observar uma explosão solar, como mostram as Figuras 4 e 5.



Figura 4: Explosão Solar observada pelo satélite Soho


Figura 5: Explosão Solar observada pelo satélite SDO

A dinâmica magnética solar que gera es explosões solares são bastante complexas e fogem ao escopo do blog, mas digo para não se preocupem, pois nossas vidas estão salvas na Terra, e o campo magnético terrestre nos protege das partículas emitidas pelo Sol durante uma explosão solar. O que podemos fazer é admirar o belíssimo espetáculo que essas partículas solares podem nos proporcionar que são as auroras, que infelizmente não são observadas no Brasil.




Referências:

- Benz, A.O.; Monstein, C.; Meyer, H., CALLISTO - A New Concept for Solar Radio Spectrometers, Sol. Phys., V.226, p.143-151, 2005. 
- Fernandes, F.C.R., Dissertação de Mestrado, INPE, 1992.
- Fernandes, F.C.R., Tese de Doutorado, INPE, 1997.
- Rafael D.C. Silva, Caius L. Selhost, Francisco C.R. Fernandes, O espectrografo CALLISTO-BR e as investigações de emissões solares em ondas métricas, Encontro Latino Americano de Pós Graduação, Universidade do Vale do Paraíba, 2012.
- Sawant, H.S.; Subramanian, K.R.; Faria, C.; Fernandes, F.C.R.; Sobral, J.H.A.; Cecatto, J.R.; Rosa, R.R.; Vats, H.O.; Neri, J.A.C.F.; Alonso, E.M.B.; Mesquita, F.P.V.; Portezani, V.A.; Martinon, A.R.F., Solar Phys., V.200, n.1/2, p.167-176, 2001.
- Sawant, H.S.; BDA TEAM, INPE-13051RPI/252, 2005.
- https://www.swpc.noaa.gov/products/goes-x-ray-flux, acessada em 06 de janeiro de 2024;