segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sol e Terra: relação íntima

Tenho visto um grande número de reportagens falando do Sol e de sua relação com a Terra. É inegável que essa relação é extremamente importante, pois se não fosse o Sol, não existiria vida na Terra. Além disso, existe uma relação entre o Sol e a Terra que não é muito conhecida, mas está sendo divulgada cada vez mais na mídia.

O Sol é uma estrela extremamente ativa e dinâmica. O principal indicador de sua atividade é o número de Manchas Solares, que são regiões escuras que aparecem na superfície do Sol. Elas são escuras porque existe um intenso campo magnético fazendo que partículas fluam através delas. Com isso, nessa região a temperatura é menor que na vizinhança, aparecendo escura. Na fase de máxima atividade solar, o campo magnético do Sol está bastante distorcido, apresentando um grande número de manchas solares, já na fase de mínima atividade solar, o campo está mais comportado, apresentando um pequeno número ou mesmo nenhuma mancha solar. Essas fazes de atividade solar (máxima e mínima) duram aproximadamente 11 anos, formando o bem conhecido ciclo de atividade solar.

Durante a fase de máxima atividade solar, fase em que estamos nesse momento, as explosões solares ocorrem com maior frequência. Isso significa que mais radiação do tipo raios-x e partículas de alta energia são ejetadas, atingindo a Terra. Além disso, o próprio material solar, na forma de uma nuvem de plasma (Ejeção de Massa Coronal - "Coronal Mass Ejection" - CME), também é ejetado com maior frequência nesse período, e podem eventualmente atingir a Terra. Felizmente a Terra possui um campo magnético intrínseco que nos protege dessas partículas solares.




Quando uma CME atinge a Terra, ela não passa despercebida, pois ela causa uma perturbação no campo magnético terrestre. Essa perturbação é conhecida como Tempestade Geomagnética, que pode ser: Moderada, Intensa ou Superintensa, dependendo da força da CME, ou seja, dependendo da intensidade do campo magnético e da velocidade dessa estrutura. As tempestades geomagnéticos podem ser causadas por outros tipos de estruturas solares, que vou deixar para escrever em um outro post.

Apesar dessas estruturas causarem tempestades considerada superintensas, elas raramente terão alguma influência direta na saúde das pessoas, de forma indireta, nossas vidas podem ser "atingidas", pois essas partículas energéticas podem danificar satélites que, hoje em dia, são vitais para nossas vidas. Na superfície da Terra, essas tempestades podem gerar correntes elétricas induzidas em linhas de transmissão, queimando transformadores em subestações, deixando grandes áreas sem energia elétrica. Os equipamentos que dependem de GPS podem perder o sinal comprometendo sua precisão.

Essas estruturas são amplamente estudadas pela comunidade científica numa área das ciências espaciais, chamada de Clima Espacial. Esse nome foi dado fazendo-se uma analogia com o clima atmosférico. No Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em colaboração com outras universidades brasileiras e estrangeira (http://www.inpe.br/climaespacial/), estudam as estruturas solares e estão trabalhando para gerar ferramentas que possam prever as tempestades geomagnéticas, assim como as tempestades atmosféricas são previstas.